quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Olá pessoal!
analisem esse texto  de Baudelaire, poeta e teórico francês,considerado  poeta das cidades, por gostar de retratar em suas obras as "grandes cidades". Percebam que apesar do título ser A perda da auréola, essa perda de 'identidade', da 'aura' não representa tristeza, pois permitiu ao indivíduo a viver no anonimato.
PERDA DE AURÉOLA
- MAS O QUÊ? você por aqui, meu caro? Você em tão mau lugar! você, o bebedor de quintessências! você, o comedor da ambrosia! Francamente, é de surpreender.
- Meu caro, você bem conhece o meu pavor dos cavalos e das carruagens. Ainda há pouco, quando atravessara a toda a pressa o bulevar, saltitando na lama, através desse caos movediço onde a morte surge a galope de todos os lados a um só tempo, a minha auréola, num movimento precipitado, escorregou-me da cabeça e caiu no lodo da macadante. Não tive coragem de apanhá-la. Julguei menos desagradável perder as minhas insígnias do que ter os ossos rebentados. Agora posso passar incógnito, praticar ações vis, e entregar-me à crápula, como os simples mortais. E aqui estou, igualzinho a você, como está vendo!
- Você deveria ao menos pôr um anúncio, ou comunicar a perda ao comissário.
- Ah, não. Estou bem assim. Só você me reconheceu. Aliás, a dignidade me entendia. Depois, alegra-me pensar que talvez algum mau poeta encontre a auréola e com ela impudentemente se adorne. Fazer alguém feliz, que prazer! e sobretudo um feliz que me fará rir! Pense no X, ou no Z.! Hein! como será engraçado!

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